No entanto, por algum tempo, o argumento pareceu-me coerente. Mas com um pouco mais de boa vontade, e com mais piedade, pude verificar que a história não era bem assim.
De fato as cartas tiveram uma motivação fundante, no entanto, há firmes indícios de que elas não se restringiram apenas a elas.
Em primeiro lugar, a tradição da igreja nos diz que essas cartas transitavam entre todas as igrejas, a ponto de já no século II serem contadas como inspiradas.
Em segundo lugar, nós temos o testemunho da própria Bíblia. O apóstolo Pedro, por exemplo, não só refere-se às cartas de Paulo, nos mostrando que pelo menos algumas delas chegaram às suas mãos, como as coloca no rol de Escrituras Sagradas. Além disso, o próprio Paulo, nos dá alguma pista, quando orienta a igreja de Colossos a trocar a carta que havia recebido do apóstolo, com uma carta que fora enviada aos laodicenses.
A ainda o fato da unanime aceitação desses escritos pelas várias tradições cristãs ao longo dos séculos, tanto em relação à autenticidade, como a canonicidade. Mesmo o mais cético teólogo liberal teria dificuldade em afirmar que nenhuma carta é autêntica.
E por fim, precisamos levar em conta que, muitos dos temas tratados nas epístolas, apesar de serem oriundo de questões locais, têm suas respostas fundamentadas na chamada doutrina dos apóstolos, assim como no ensinamento dado diretamente por Jesus. Sendo assim, em qualquer caso tratado, a igreja de hoje tem total liberdade de aplicar os princípios usados pelo apóstolo em suas questões atuais, talvez com a necessidade de alguma contextualização, mas sem modificar em nada a essência do ensino.
Portanto, acredito piamente que podemos sim apoiar nossas vidas na verdade bíblica, como o homem sábio que constrói sua casa sobre uma rocha. Os ventos de doutrina podem uivar e se lançar sobre ela, mas sua força não será abalada. Louvemos ao Senhor pela Sua Inextinguível Palavra, pois ela é a luz do nosso caminho.
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